Entrevista para o programa Autores e Livros, da Rádio Senado

Tive a satisfação de ser entrevistado pela professora Margarida Patriota para o programa Autores e Livros, da Rádio Senado. Nos 15 minutos de bate-papo falo um pouco do Danação, sobre o processo de criação do livro, referências, inspirações e projetos futuros. Margarida Patriota é tradutota, autora de diversos livros publicados pela Editora Saraiva foi professora da Universidade de Brasília entre 1976 e 2002. Os links para a entrevista estão aí embaixo (eu falo rápido demais, eu sei, eu sei... Vão desculpando... sou um entrevistado de primeira viagem)



http://www.senado.gov.br/noticias/radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=&COD_AUDIO=283937

http://www.senado.gov.br/noticias/radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=&COD_AUDIO=283938

Nova promoção, dessa vez no Livros & Citações

Outro sorteio de um exemplar autografado do Danação, dessa vez no Livros & Citações! Confira, passe adiante, participe!

Bienal 2012...

Experiência inesquecível na Bienal de São Paulo. Bate-e-pronto, saí de Brasília e voltei no mesmo dia, mas estar num lugar que é sinônimo de literatura, lotado de leitores, amantes de livros, gente ávida por cultura, é algo que vai ficar na memória pra sempre. Pouco mais de uma hora no stand da editora, conversando e autografando livros. O registro na foto é com minha cunhada Carla e o mais que querido sobrinho Caetano. 


Nova ganhadora da promo do Danação

Saiu a segunda ganhadora da promoção do Danação autografado feita pelo Skoob: Janaína Pedroso. Parabéns e obrigado por participar do sorteio. O mesmo vale para todos os que entraram na promo. E tem mais uma chance, dessa vez pelo Mundo de Fantas!
É só ler as regras e cruzar os dedos!

http://mundodefantas.blogspot.com.br/2012/08/sorteio-do-livro-danacao-autografado.html


Um pouco mais sobre a vida nada mole no Brasil de 1700


Não havia partilha da herança entre irmãos. No Brasil de 1700 vigorava o regime do morgadio: todos os bens – terras, escravos, animais, títulos – eram herdados apenas pelo filho mais velho. O varão. O que sobrava para os outros? O segundo filho era mandado para estudar leis em alguma faculdade em Portugal, quase sempre Coimbra. Quando voltasse poderia ser advogado ou descolar algum emprego no serviço público. E se houvesse um terceiro filho? Bem, para o caçula sobrava a carreira religiosa. Tendo vocação ou não, a regra era ser despachado para algum seminário e ordenado padre. Assim, as famílias garantiam presença nos pilares que mantinham a sociedade da época: e economia, a burocracia e a Igreja. Simples assim.

Se você fala português hoje, agradeça ao Marques de Pombal, todo-poderoso ministro do Rei Dom José I.  O nheengatu - uma mistura de português e tupi muito utilizada pelos jesuítas para catequisar os índios - era a língua mais falada. Até que Pombal – o mesmo que é execrado por ter usado o ouro das minas brasileiras para reconstruir Lisboa após o terremoto de 1755 - proibiu por decreto o ensino do nheengatu. Então, antes de odiar de antemão os tais déspotas esclarecidos do nosso 2º grau, agradeça ao menos pela língua que falamos.

A comida era um capitulo à parte. Nosso baião-de-dois demorou a aparecer. O motivo: O arroz veio da Ásia e seu cultivo não havia sido difundido em 1700. O mesmo pode ser dito da farinha de trigo. Nada de pães, bolos e outros pratos feitos de trigo. O substituto era o milho, a batata e a mandioca, menos saborosos, mas abundantes. Carne, principalmente de porco (que se deu muito bem nas nossas terras), peixes e caça – paca, anta, jacaré, macacos, aves nativas. Bife, nem pensar. Vacas e bois dividiam a tração de moinhos com os negros e não eram abatidos. Galinhas eram caríssimas e usadas apenas para alimentar doentes e visitas ilustres

Toque de recolher, epidemias, proibições a cada esquina... Quem disse que a vida no Brasil Colônia era fácil?


Como alguns devem saber, Danação é um romance fantástico ambientado em 1700. Já falei (não demais) de folclore e volta e meia vou falar mais um pouco, mas hoje o tema é outro: como era a vida naqueles tempos. Ou, se preferirem, como era o Brasil que Diogo, a viúva Catarina e o escravo João enfrentavam.
Nessa época, era Deus ajuda quem cedo madruga ao pé da letra. Café da manhã, antes das cinco, almoço às dez e jantar às cinco da tarde. Até porque ninguém podia passear pelas ruas depois das oito da noite. Isso era crime, punido com uma semana de cadeia (as cadeias, por sinal, ficavam no mesmo prédio da Casa de Câmara, onde os vereadores se reuniam, só que no piso de baixo).
A vida era extremamente tediosa. Muito mais do que em qualquer cidade de interior hoje em dia. O ponto alto da semana eram as missa dominicais, quando as pessoas se encontravam. As festas religiosas, como Páscoa e Domingo de Ramos, aguardadas com ansiedade. Participar dessas festas era inclusive obrigatório, pois os militares aproveitavam o ajuntamento de pessoas para recrutar colonos à força. E guerra era algo que não faltava. Os portugueses estavam sempre lutando contra espanhóis que ameaçavam suas fronteiras ou com índios. Ou contra índios aliados de espanhóis, o que era pior. E se você escapasse de ser recrutado, sua mãe velha ou seu irmão novo iria preso.
Ao brasiliano e à brasiliana (brasileiro era quem vivia do pau-brasil), quase tudo era proibido: produzir sal, vender mulas, possuir tipografias ou ourivesarias, casar com juízes, alcançar posto militar acima de alferes (segundo-tenente). 
O que sobravam eram epidemias. Tifo, cólera, malária e algumas causadas pelas dietas deficientes, como escorbuto. Outras doenças, fruto da falta de higiene de nossos antepassados. Particularmente cruel era o maculo, ou corrução, uma infecção do ânus, que não raramente levava à necrose do reto. O tratamento? Enfiar no local uma bucha feita de pólvora, sal e pimenta. Pense...
Falando em limpeza, o colono não era lá muito asseado - herança europeia -, mas aprendeu com o índio o valor de um bom banho. Certo? Mais ou menos. Os selvagens se molhavam muito nos rios, o que é um pouco diferente de tomar banhos. E o colono fazia como os índios: esfregava o corpo com areia para tirar o excesso de sujeira. Sabão que é bom...
O melhor era não adoecer, até por que não havia médicos. A versão da época era chamada de físico, formada em faculdades europeias e disponível apenas aos muito ricos ou nobres. Durante os anos em que Salvador foi sede do vice-reinado, nunca houve mais que uma dúzia deles na cidade. Existiam também os cirurgiões, que auxiliavam os físicos e a quem era autorizado clinicar. O mais provável era que você fosse atendido por um barbeiro - acredite, o mesmo que fazia barbas - que ganhava um extra usando e abusando de sanguessugas, sangrias e ervas indígenas. Também não era aconselhável ter dor de dente. O paciente era embriagado (o clorofórmio só seria utilizado um século mais tarde) e o dentista cumpria seu ofício. Sabem como seus consultórios eram identificados? Pela banda de música na frente. Os bumbos e cornetas eram usados para abafar os gritos.
Hoje paro por aqui. Volto logo logo, com mais curiosidades sobre a vida dos nossos antepassados. Assunto é o que não falta...

Sorteio do Danação autografado no Mundo de Fantas

Como prometido, lá vai outro sorteio do Danação, dessa vez no Mundo de Fantas. Entrem no blog da Celly Borges, vejam as regras e não deixem de competir!


http://mundodefantas.blogspot.com.br/2012/08/sorteio-do-livro-danacao-autografado.html#comment-form

Promoção de livros

A vencedora na promoção feita pelo Skoob semana passada e que levou um Danação autografado para casa foi a @mnazare. Parabéns à Maria de Nazaré e obrigado a todos que embarcaram nessa! Muita gente participou - tanto pelo twitter quanto pelo facebook - mas para os que não levaram seu livro tem mais promoção nos próximos dias. Fiquem de olho!

Curupiras no Himalaia?

O nosso Curupira, todos já ouviram falar. Dispensa apresentações. Entidade protetora das matas, persegue caçadores e tem como marca registrada os pés virados para trás. A surpresa, ao menos para mim, foi descobrir um tal de Abarimon, nome dado a um povo que habitava um país de mesmo nome nas montanhas do Paquistão. Ocorre que os Abarimon, que foram citados pela primeira vez pelo sábio romano Plínio, o Velho, nos primeiros anos da Era Cristã, eram conhecidos por... terem os pés para trás!


Não sei vocês, mas para mim é muito intrigante reconhecer a existência de dois mitos tão diferentes, separados por centenas de anos (entidade tipicamente indígena, nosso anão de cabelos vermelhos foi mostrado ao ocidente pelo padre José de Anchieta, em 1560) e por milhares de quilômetros. Não há como imaginar que os tupi-guaranis, isolados nas Américas até a chegada dos portugueses, e os gregos antigos ou os habitantes do Himalaia mantivessem alguma forma de contato. Ainda assim, lá estão, lado a lado e pés para trás, o Curupira e o Abarimon. Confiram abaixo a aparência dessa curiosa criatura.



 
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